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ECONOMIA Por EDUARDO GUERINI
O Brasil voltou...
“A legitimidade é a circulação sanguínea do sistema de poder que garante a estabilidade de um sistema de autoridade e produz aceitação sobre “posições legítimas”, “vantagens merecidas” e “hierarquias justas”.” (Max Weber).
O governo Michel Temer tentou comemorar os dois anos de mandato, buscando colher os resultados positivos (sic) na economia, numa gestão abalada por sucessivos escândalos de corrupção. Com um slogan produzido nos bastidores do Palácio do Planalto, o temerário governo tentava emplacar uma agenda positiva, intitulando seu curto período no poder com o enredo “O Brasil voltou, 20 anos em 2”, posteriormente, crivado pela crítica da sociedade, reduziu sua megalomania para “O Brasil voltou”.
Considerando todos os indicadores, notadamente os mais visíveis ao grande público, retrocedemos na geração de empregos, na elevação da renda, na subutilização dos trabalhadores, nos níveis de legitimidade e representatividade da classe política. A desesperança, o desalento e cansaço tomaram conta da sociedade brasileira. Diante de mais uma crise econômico-social e política, com a paralisação nacional dos transportes, descobrimos a obviedade de um governo degenerado e corrompido em alianças orientadas por interesses particularistas, privatistas, que garantem um projeto de poder de partidos e suas coalizões pragmático-fisiológicas.
A agenda de reformas estruturais atingiu, em cheio, os trabalhadores e a classe média, com elevação da precarização, miserabilidade e informalidade. Como diz o velho jargão popular “Antes de melhorar, ainda vai piorar muito!”. Nosso legado de cidadania e inclusão foi um breve sonho de uma noite de verão. A sociedade brasileira foi ludibriada por falsas ideias de um Brasil potência, tal como nos tempos da ditadura militar, detentora de uma ideologia do progresso, que nos legou um país periférico pauperizado. Somos uma colônia aplicando o receituário do neoliberalismo caboclo periférico.
No contexto de uma crise de representatividade onde 86% da sociedade brasileira não confia na classe política e nos seus partidos, principalmente, nas grandes legendas partidárias que se se atolaram num mar de corrupção sem fim e, na falta de legitimidade, em que a sociedade não confia no Presidente da República e seus ministros, não respondendo as políticas implementadas para superação de uma profunda crise política, econômica e social e, quando as instituições perdem o lustro da autoridade e domínio, não é possível construir lastros para ideais capazes de projetar um futuro melhor. Daí, o slogan de Michel Temer representa o que de mais atrasado e arcaico se construiu nos últimos 2 anos. Retrocedemos 20 anos na agenda de seguridade social, nos direitos sociais e trabalhistas, nos ideais políticos, na construção de um projeto de nação.
Como a história não avança por sobressaltos, bastou uma categoria reivindicar previsibilidade e justiça na política de preços, que o governo Michel Temer, alinhado na sua coalizão partidária conservadora, com resultados econômicos pífios, aumento da exclusão e desigualdade social, lastreados em políticas do velho receituário do “mainstream” ortodoxo-monetarista, tenha sido declarado fraco, inoperante e morto. Por isso, o slogan de comemoração dos dois anos, se transformou num epitáfio político do atual momento brasileiro, um regresso melancólico de 20 anos, ou seja, mais duas décadas perdidas para esta nação empobrecida.
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