Av. São João, 1086 - Conj.608 - Centro
CEP 01036-903 - São Paulo SP
Tel. (11) 2295-9949
ECONOMIA Por EDUARDO GUERINI
Crescimento a meio pau
“O ciclo econômico está com os dias contados, principalmente graças ao governo.”(Paul Samuelson, Economista)
A divulgação do crescimento econômico de 1% para o PIB brasileiro, com PIB “per capita” crescendo apenas 0,2% em 2017, foi festejada em todos os meios noticiosos. As manchetes seguem o curso das expectativas da sociedade brasileira, o maior período de recessão da história brasileira ficou no passado. Como toda economia tem uma taxa tendencial, os agentes de mercado e autoridades monetárias já haviam prognosticado tal crescimento lento e gradual. Em comparação com o desempenho global, o Brasil continua na lanterna do crescimento, dado que a economia global avançou 3,9%, os países desenvolvidos 2,2%, os emergentes 5,2%% e os BRICS 5,7%.
No esteio do ciclo positivo em 2017, as projeções pessimistas são deixadas de lado. Considerando o otimismo cauteloso da equipe econômica, projeta-se um crescimento anualizado na ordem de 2% a 3% no ano de 2018, resultante de um conjunto de fatores positivos: taxa de juros SELIC na mínima histórica, nenhum estresse causado pela mudança da agenda de reformas (a derrota da reforma da previdência), um cenário externo de calmaria e substancial ociosidade dos fatores produtivos.
Os dados da flutuação do emprego em janeiro de 2018 (CAGED), resultaram no saldo positivo de 77.822 postos de trabalho, aumento de 0,21%, com queda no rendimento médio (-6,17%) comparado com o salário dos demitidos. Os dados divulgados pelo IBGE, indicam uma taxa de desemprego de 12,2% (12,7 milhões de desempregados), com decréscimo dos trabalhadores desempregados e aumento do emprego informal. O legado da recuperação cíclica é permeado por incertezas para os trabalhadores em geral.
Na tentativa de passar para a história como um governo reformista, Michel Temer e sua equipe econômica sinalizam com otimismo para o futuro, embora o legado da reforma trabalhista resulte no decréscimo do rendimento médio e precarização das condições de trabalho, com elevação da informalidade.
No tocante ao crescimento projetado para 2018, resta ainda a incerteza do processo eleitoral que se avizinha. Em jogo, a disputa das forças políticas, em sua maioria com agenda conservadora e regressiva na manutenção dos direitos sociais inscritos na Constituição de 1988, que favorecem concentração de renda e riqueza, com renúncias fiscais para o capital e oneração tributária para os trabalhadores.
No mar de incertezas políticas, a recuperação cíclica ainda depende de fatores externos e alheios à ação contundente do governo Temer, que se locupleta com crescimento a meio pau, garroteado pelo monetarismo ortodoxo e fiscalismo rastaquera. Um legado maldito para uma nação sem projeto e um governo sem agenda e sem legitimidade. No atual quadro conjuntural seremos uma obra do acaso histórico esperando o enigma das eleições de outubro de 2018.
Copyright 2007 - 2020 | FEPAAE - Federação Paulista dos Auxiliares de Administração Escolar. Todos os direitos reservados.