ECONOMIA Por EDUARDO GUERINI
Um Força e Resiliência do Movimento Sindical
“Estou farto de lutar com pregos, quero martelo!!” (Karl Marx)
Na conjuntura política e econômica da sociedade brasileira, o governo Michel Temer afunda no mar de lama da corrupção, destacando-se as diversas tentativas junto à opinião pública, em vender prosperidade econômica (crescimento) para colher estabilidade política (governabilidade). A associação de um governo enfraquecido, movido por interesses privados, no promíscuo apoio de setores empresariais liberais-conservadores, se traduz na agenda regressiva de direitos sociais, tornando a cidadania, um longo e tortuoso caminho para a massa de trabalhadores no Brasil.
A suposta euforia dos agentes de mercado nos pífios resultados econômicos, com possível reversão da curva depressiva na economia, descrita na previsão de crescimento de 0,5% do PIB em 2017, não impulsionam a oferta de emprego, expressos na taxa de desemprego de 12,6%, no segundo trimestre de 2017 (PNAD/IBGE), totalizando 13,1 milhões de trabalhadores desempregados, com alta de 9,1%, em relação ao mesmo trimestre de 2016, quando havia 12 milhões de desempregados. Por outro lado, o aumento da população ocupada teve influência no crescimento do mercado de trabalho informal, visto que, de 1.4 milhão de empregos criados foi sem carteira assinada ou por conta própria, ou seja, a precarização na informalidade, aprofundando a desigualdade econômica entre ricos e pobres. É a demonstração cabal do fracasso da política monetarista-ortodoxa e retração fiscal do Estado brasileiro.
No âmbito político, a popularidade do presidente Michel Temer segue ladeira abaixo, com novo recorde de desaprovação. Na avaliação do governo, a rejeição passou de 39%, em junho de 2016, para 77%, em setembro de 2017. A desaprovação alcançou 89%, e, o total dos brasileiros que não confia no governo é de 92%. A desaprovação com a política de impostos, saúde, combate ao desemprego e segurança pública, combate à fome e pobreza, combate à fome e educação, demonstram o abismo entre o Presidente, seu governo e parlamentares da base de apoio, diante das verdadeiras demandas sociais. É um governo ilegítimo e pouco representativo, compromissado com os interesses empresariais e do setor financeiro mundial. Daí a tentativa canhestra de afastar a crise política da crise econômica, mais uma miragem do governo corrompido em curso no Brasil.
No aspecto social, o governo apoiado na grande mídia, regurgita a necessidade de “sacrifícios presentes, para benefícios futuros”. Não existe outra saída, sem retrocesso nos direitos sociais, especialmente os trabalhistas e previdenciários, dizem rotineiramente os colunistas “chapa branca”, apoiados na canalha política de apoio no Congresso Nacional. O discurso econômico é a principal arma política de uma elite minoritária, oferecendo como única saída, mais e mais sacrifícios, com perda de direitos. Sob os desígnios e controle de uma elite conservadora, a política do atraso é retocada diariamente com o desmonte da seguridade social. Na crise sistêmica, se considera as mudanças não como acidente político ou conjuntural, mas fruto de imperativos sistêmicos que objetivam o desmantelamento da moldura político-institucional e econômico-social.
Em síntese, os freios impostos na agenda de reformas, com aprovação da reforma trabalhista, precipitaram uma crise do movimento sindical que estava em curso nas últimas décadas, conferindo uma espécie de “sentido moral invertido para ação política” das lideranças sindicais, visto que, a defesa dos interesses dos trabalhadores na “economia de mercado” é condicionada pela realidade objetiva na ação dos agentes econômicos, via precarização e flexibilização, um contraste que inegavelmente aponta uma contradição da representação política no movimento sindical.
A capacidade de resiliência do movimento sindical está chegando no limite das condições de desigualdade e iniquidade, colocando todos os trabalhadores no limiar da sobrevivência, com indícios de revolta espontânea que levará a retomada da consciência que a fragmentação sindical, a baixa densidade associativa e representatividade na base dos trabalhadores somente será superada com retomada da consciência de união e luta contra uma elite político-empresarial que usurpa os direitos sociais, caminho para reconquista da cidadania e esperança de um país melhor para as futuras gerações. É hora de superar aquela máxima de Marx “As pessoas enxergam o castigo, mas não o crime. ”