ECONOMIA Por EDUARDO GUERINI
Um final de ano desolador na Republiqueta dos Bruzundangas
Contando as horas para queda de mais um governo envolvido em escandalosas transações e suas corruptelas nada republicanas.
A transição democrática se encontra em fase final e agônica, fruto de uma degeneração das velhas estruturas partidárias – os partidos não representam e intermediam os desejos das classes sociais, os padrões ético-político-ideológico foram corrompidas por práticas nada republicas da cultura patrimonialista que habita os gabinetes do aparato público estatal. É o retorno de uma crise institucional movida pela incapacidade política potencializada pela crise econômica com reflexos sociais visíveis.
O governo transitório de Michel Temer segue para o precipício político e abismo econômico, destronado pela avassaladora “delação premiada” que envolve desde o Presidente da República, Presidentes da Câmara de Deputados e Senado Federal, Ministros, Senadores e Deputados. O quadro é de uma reunião de corruptos e suas corruptelas que vivem a saquear o Estado brasileiro em negociatas para manutenção do poder político e de governo. É a reprodução perversa de uma elite política e empresarial que se prostituiu em interesses econômicos usando o aparato estatal como meio para atingir o fim último – um poder ilimitado, sem controle social, com intenções orientadas para a “privatização” nas últimas áreas disponíveis a mercantilização: saúde, educação, segurança e seguridade social. Embora todas as lideranças tenham a prerrogativa da negação, a realidade das delações tem surpreendido todos os brasileiros , é uma dura e efetiva realidade.
O precipício político do governo transitório de Michel Temer se agravou nas últimas semanas, fruto da implicação de Ministros com negociatas, dos principais líderes do PMDB – investigados e denunciados, e, para coroar, o próprio Presidente. Na falta de uma agenda positiva na política, o ponto de inflexão aponta para o enfraquecimento na articulação e perda de credibilidade junto à sociedade brasileira e agentes econômicos do sistema financeiro nacional e internacional.
O abismo econômico resulta na persistência de sinais negativos que é visto por todos os brasileiros: recessão que se aprofunda no último trimestre (2016), taxas de juros estratosférica, endividamento de indivíduos/famílias/empresas, produtividade do trabalho em baixa, competividade agravada no cenário internacional, elevado desemprego com informalização crescente, renda média em queda desde 2014, no patamar de -9,4%, com impactos nos indicadores sociais, e, finalmente, uma transição demográfica com acelerado envelhecimento da população.
Neste cenário de pessimismo generalizado, a alternativa para o governo transitório – antes que renuncie ou seja impedido, em virtude da gravidade das revelações dos delatores contra os principais ministros e próprio Presidente da República, acelerar a agenda de reformas neoliberais, aprofundando o grau de desenlace do velho “pacto social” estabelecido na surrada e vilipendiada Constituição Cidadã de 1988.
Assim, a PEC 55 do Teto de Gastos, a PEC 287 da Reforma da Previdência, serão analisadas e votadas com velocidade incomum, tal como afirma o Relator da Reforma da Previdência em brincadeira jocosa com trabalhadores , pensionistas e beneficiários da seguridade social – é uma análise “the flash”. Este decrépito governo e seus aliados tem pressa para garantir o apoio inconteste do sistema financeiro nacional e internacional , o grande avalista do impeachment e do titubeante Governo Temer.
Com tamanha desfaçatez , falta de altivez política e sensibilidade social, nossa “canalha política” reverbera tal como o personagem de Lima Barreto (1922):