ECONOMIA Por EDUARDO GUERINI
Tempestade Perfeita e o Ronco da Ruas
Observando no horizonte da republiqueta brasileira um longo período de instabilidade com fortes trovoadas provocadas pelo ronco das ruas.
O governo Temer continua sofrendo de debilidades políticas, institucionais, econômicas e sociais. No horizonte das expectativas, a pretensão da reversão do pessimismo dos agentes econômicos e legitimação da sociedade se desfez rapidamente, fruto da composição conservadora-elitista, associado a “canalha política” envolvida em rumorosas transações nada republicanas, reveladas nas sucessivas fases da Operação Lava Jato.
Quando a economia patina com desempenho preocupante, particularmente no Brasil, destaque negativo durante décadas no crescimento pífio do PIB, com desigualdade estrutural sem precedentes, altíssimos níveis de informalidade, e, considerando a crise de confiança dos agentes econômicos – empresários e trabalhadores, somado a perda de atratividade no sistema financeiro nacional e internacional, o cenário de “tempestade perfeita” se forma rapidamente, tal como uma instabilidade climática de verão. Os ventos favoráveis com o governo-tampão e seu consórcio de corruptos com suas corruptelas mudaram de direção.
Os episódicos desgastes de ministros e suas traficâncias de influência e de recursos do erário público para mantença de interesses privados corroeu a “parca legitimidade” de um governo fraco e inoperante no campo político.
No ambiente econômico, os agentes econômicos, nomeadamente os próceres do “mainstream” do sistema financeiro nacional e internacional, não poupam suas críticas, investindo em notas negativas com o atraso no “ajuste fiscal” e reformas estruturais, bases consubstanciadas na PEC do Teto de Gastos, Proposta de Reforma Previdenciária e Trabalhista. A aflição política com a pasmaceira dos resultados econômicos agravou o cenário de trovoadas, indicando o aprofundamento do quadro recessivo em 2016, com nulidade no crescimento em 2017. Os catastrofistas apontam um cenário perverso até 2020. O clima de vendavais permanentes na base política sem desatar o nó econômico, é o cenário da “tempestade perfeita” no Brasil.
No contexto social, as lutas intestinas das correntes progressistas e de esquerda criou uma polarização pós-impeachment de Dilma Rousseff. A perda da hegemonia do lulopetismo, assim como seu protagonismo como ator político de representação dos trabalhadores e movimentos sociais em geral, é fruto da degeneração ética e corrupção desenfreada pela burocracia partidária. O outono petista repercute na “tempestade perfeita” do governo Michel Temer no início deste verão.
Neste cenário de instabilidade política, incerteza econômica, crise social, acompanhado de uma representação sofrível, contaminada por interesses privados opacos, nossa “canalha política” tenta convencer que se aposentar com 65 anos ou mais, contribuindo por mais de 35 anos, é um ato de civismo. O ronco das ruas ditará o ritmo das reformas.
Não custa parafrasear aquela máxima: “O Brasil só será feliz quando o último político for enforcado com as tripas do último banqueiro”!!!